Autor: Larissa Meira

SOBRE A ESPERANÇA EM MEIO A DOR

“Eu lembro da minha tristeza e solidão, das amarguras e dos sofrimentos. Penso sempre nisso e fico abatido. Mas a esperança volta quando penso no seguinte: O amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor! Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele. O Senhor é bom para todos os que confiam nele. O melhor é ter esperança e aguardar em silêncio a ajuda do Senhor. E é bom que as pessoas aprendam a sofrer com paciência desde a sua juventude.” (Lamentações 3.19-27).

Uma das coisas que aprendi é que o tempo de dor é importante para nós. Quantas vezes já passamos por momentos bem difíceis e no final sobrevivemos e ainda ajudamos pessoas que passam pela mesma situação que a nossa? Algo que Deus falou a mim, em um período bem difícil e doloroso que passei, foi sobre não olhar para tristeza e ficar nela. Mas, olhar para as coisas incríveis que Ele já fez e o que ainda irá fazer. Como diz um trecho de uma canção dos Arrais: ‘eu olhei a tristeza nos olhos e sorri’. E mais, Marcos Almeida canta esperançosamente: ‘toda dor é por enquanto’. Então tudo bem, não estar tudo bem! Que sua esperança esteja em Jesus, que o processo da dor continue mostrando o quanto Deus é bom em TODO tempo e que você saiba o quanto é amado e cuidado por Ele!

Texto escrito por missionária de Shores of Grace

Seu sonho: ser uma serva de Deus

Em nosso ministério Amor do Pai, realizamos um discipulado com algumas das mulheres que encontramos nas noites na Avenida. Em um desses encontros, uma das mulheres nos convidou a visitá-la na casa de sua sogra. E lá, encontramos uma parte de sua família. Durante a intercessão para esse dia, sentimos de levantar adoração e profetizarmos sobre eles. No início, alguns familiares estavam um pouco fechados, mas ao recebermos algumas palavras durante a adoração e começarmos a profetizar individualmente sobre eles, o quebrantamento veio e as lágrimas caíram. Alguns moradores começaram, inclusive, a se aproximar da casa para ouvir o louvor que fazíamos.

Uma mesma palavra veio a mais de uma pessoa da equipe: “refúgio”. É interessante que, ao conhecer pessoas nas ruas e comunidades, notamos que eles podem ter muito pouco, mas o que eles têm, não negam dividir com outros. Por isso é muito comum encontrar em uma casa que cabe 4 pessoas, o dobro dessa quantidade. Eles tornam suas casas um refúgio para os outros. Em algum momento, nós sairemos daqueles ambientes, e eles ficarão. Mas com eles, permanece também o legado e a Presença do Deus que ali foi adorado.


Não cremos em um evangelho no qual nossa equipe tenha sempre que entregar algo, mas cremos também que podemos encorajar eles a repassar aquilo que foi recebido. Acreditamos no Nordeste e nas comunidades daqui. Os homens e mulheres de Deus estão sendo levantados pouco a pouco. Nossa alegria é ver que mulheres como a “C” (dona da casa mencionada acima), sempre nos diz a mesma coisa quando perguntamos o seu sonho: “ser uma serva de Deus”. Seu maior sonho não é ter uma casa, um emprego melhor ou mais saúde, e sim, ser serva. Isso mexe com nosso coração e nos enche de esperança ao ver que esta mulher, desde o dia que se decidiu por Jesus, largou não só a prostituição, mas também as drogas em questão de dias. Além de aprender a ler só para conseguir entender a Bíblia!


Oramos para que cada lugar que visitemos seja uma extensão do Corpo de Cristo, uma casa de refúgio para outros que as vezes não conseguiremos encontrar. E oramos também para que você, que tem discipulado outras pessoas e que as visita, tenha isso em sua mente e coração: você pode sair de lá, mas o que você depositou através do Espírito, continua ali! A casa é dEle, porque Ele merece a recompensa que lhe é devida.

Texto escrito por missionário de Shores of Grace

Transição

Transição… confesso que essa palavra me assusta um pouco, porém estamos em constante transição na jornada com Jesus. De tempos em tempos encerramos ciclos e começamos novos ciclos. O importante é saber quando encerrar e iniciá-los, para que o nosso tempo esteja alinhado com o tempo do Senhor, e não venhamos ficar caminhando em círculos sem chegar no lugar e propósito que ele tem para nós. E mesmo que a transição me assuste um pouco, pois traz consigo novos desafios, ainda assim escolho passar por ela, a fim de chegar e viver no lugar e no propósito que o Senhor tem para minha vida. 

E partindo desse lugar, após cinco anos servindo no Shores of Grace Recife, se encerrou um ciclo na minha vida. Foram anos de muito aprendizado e amadurecimento, onde o meu caráter foi transformado no fogo dia após dia, na realidade ainda continua rsrsrs. Porém foram anos também que vi e vivi um amor tão profundo e restaurador, que não melhora mas transforma os corações quebrados, transforma vidas, um amor que faz com que as trevas mais densas se transformem em luz. Eu vi isso acontecer na vida de tantas pessoas que estavam destruidas pela prostituição, vicios e tantas outras coisas. Como sou grata a Deus, por poder ter sido participante do que ele tem feito em Recife. 

Como todo ciclo tem um início e um fim, no ano passado, 2020, o Senhor começou a falar comigo que esse ciclo estava se encerrando, no começo fui um pouco relutante em aceitar, até porque eu amava muito o que estava fazendo, porém o Senhor continuou a falar. Depois de um tempo de oração, conversas com a liderança ( Nic e Rachael Billman- Recife e Mariana Fernandes – rio de Janeiro), entendemos em Deus, que realmente o ciclo tinha se encerrado e se iniciava um novo ciclo no Shores of Grace Rio de Janeiro. E no dia 09 de Abril de 2021, fiz a transição para a cidade do Rio de Janeiro.

E agora um novo ciclo se iniciou, cheio de desafios, novas descobertas, um voltar ao início. Diferente do Shores Recife, que já está bem consolidado nos trabalhos de evangelismos e discipulados  com mulheres e homens que vieram de uma situação de prostituicao e vulnerabilidade, o Shores Rio de Janeiro está começando a consolidar esse trabalho., e esse foi um dos principais motivos da minha transição.  Sabemos que de nós mesmos não podemos nada, mas é totalmente na dependência do Espírito Santo, que podemos fazê-lo.

No momento que estou escrevendo esse texto, está completando exatamente três meses que cheguei no Rio de Janeiro, três meses de muitos desafios, adaptações, porém três meses do novo campo, nova seara. E de fato a seara está pronta, só esperando para ser colhida. 

O primeiro mês, foi um tempo para conhecer a Base, às pessoas, o trabalho, o que Deus está fazendo aqui. Também foi um tempo de reflexão interior, olhar para dentro e dizer Jesus, alinha tudo que está desalinhado e me dá as ferramentas necessárias para essa nova estação, na realidade continuo orando isso.. Foi um mês de lidar com a saudade e os desafios. Sobre os desafios, choque de cultura, muitas vezes  pensamos que eles existem apenas quando mudamos de país, só que não é verdade, o Brasil é um país muito grande e com uma variedade de cultura, cada região se expressa e comporta de uma forma. E aprender a lidar e respeitar as diferenças é uma das principais coisas que nos fazem permanecer de forma saudável. A  cada dia tenho aprendido mais sobre isso.

No segundo mes, comecei a fazer discipulado com duas Mulheres da Igreja das Ruas e um homem  (travestir) do Amor do Pai, que está em situação de prostituição. Diferente de Recife, onde eu dedicava meu tempo apenas no Amor do Pai,isso em evangelismos nas avenidas, discipulados e acompanhamentos, no Rio de Janeiro também estou ajudando com a Igreja nas Ruas, Amor do Pai e ministério de Intercessão. 

Sobre o Amor do Pai: semanalmente vamos a uma das avenidas que tem prostituição, para  falar com mulheres e homens e a realidade deles é bem diferente do que vi em Recife. Enquanto em Recife a maioria se prostitui  por não ter condições de conseguir um trabalho, no Rio Janeiro, boa parte das pessoas que tenho falado tem uma formação acadêmica, ou uma profissão e ainda assim escolheram se prostituir porque querem sustentar um padrão de vida sofisticado. Existem também aquelas que se prostituem por causa da  pobreza e ainda outras que as circunstâncias da vida os trouxeram para esse lugar. Em outro momento, posso compartilhar de forma mais específica sobre o discipulado com um dos meninos que está em situação de homossexualidade e prostituição. 

Sobre a Igreja das Ruas: vamos em uma ocupação a cada quinze dias, onde moram várias famílias e a maioria são crianças. E semanalmente estamos fazendo discipulado com duas mulheres, uma delas (não vou falar o nome para não expô-la),  é a líder deles, é a pessoa que mantém as coisas em ordem.E de fato ela carrega a liderança nas veias. Temos visto através dos olhos da fé o que Deus vai fazer através da vida dela sobre o Rio de Janeiro. Esse foi um dos motivos que começamos o discipulado com ela. Tem sido um tempo onde Deus está nos mostrando áreas da vida dela, que necessitam ser curadas e transformadas. Um tempo onde a Luz virá sobre as trevas. 

Em ambos os trabalhos, temos vivido de forma intensa, um dos nossos Valores Centrais. URGÊNCIA E CONSISTÊNCIA, como todo começo requer muita dedicação e esforço, nos discipulados que iniciamos não está sendo diferente.Em algumas momentos temos encontrado certa resistência da parte deles, porém sabemos que é o que está por trás, como Paulo diz em sua carta aos Efésios, a nossa luta não é contra sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades…sabemos que o que tem nos resistido são esses poderes, porém existe um poder maior, que é o poder que vem através de Jesus Cristo ao qual nada pode resistir e é nesse poder que permanecemos nos discipulados. E a intercessão, tem sido fundamental para esse tempo. Tenho batalhado no espiritual, juntamente com meus irmãos aqui, através das orações para que o reino do Senhor seja estabelecido no Rio de Janeiro. Entendemos que essa batalha primeiro é conquistada no reino espiritual e depois ela vem a existência no natural. Por isso oramos e agimos, segundo o senhor tem nos direcionado.

O Rio de Janeiro é um lugar que ficou conhecido mundialmente pela música (Bossa Nova), pelo carnaval, o lugar da sensualidade das mulheres, de forma bem vulgar. Sem falar da violência, drogas e tantas outras coisas. Porém creio na redenção e transformação do Senhor sobre essa cidade através do seu amor. E isso  tem me impulsionado a permanecer e seguir nesse novo ciclo que o senhor tem me proposto neste lugar. Nem sempre é fácil deixar algo que já está funcionando para começar algo do zero, mas é gratificante saber que ainda que seja do zero,  está vivendo na boa, perfeita e agradável vontade de Deus,  é o melhor lugar para se estar!

Texto escrito por Maria Neta, Missionária em Shores of Grace

Bem-te-vi

Um dia, recebemos um bebezinho recém-nascido em nossa casa de acolhimento. Ele tinha apenas 10 dias quando chegou e era totalmente dependente de que alguém cuidasse dele.

​Por ser muito novo, ele ainda não havia recebido todas as vacinas necessárias para formar um sistema imunológico mais resistente, e por este motivo, precisou ficar um pouco mais isolado dos outros bebês e meninas da casa durante alguns dias.

​Neste período, algumas educadoras da casa e alguns missionários se revezaram para cuidar dele. Este cuidado envolvia dar banho, ninar, trocar a fralda e alimentá-lo. As vezes chegávamos a ficar entediados ao apenas observá-lo dormir, e as vezes um tanto desesperados ao tentar fazê-lo parar de chorar.

​Houve um dia, no entanto, em que Jesus me ensinou algo tão precioso e belo. Ali, quando estávamos apenas nós dois, eu comecei a orar por sua vida. Afinal, era uma das melhores coisas que eu poderia oferecer a ele! E de repente, me vi pedindo a Jesus que usasse meu colo para amar e meus braços para segurá-lo. 

​Foi como se nesse momento eu pudesse entender um pouco melhor o texto de Paulo onde ele diz “Já não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim”. Porque eu sei que naquele dia não fui apenas eu quem segurei aquele bebê, mas o próprio Jesus o amou através de mim.

​Em meu coração, batizei este bebê de Bem-te-vi, pois sei que ele foi visto por Jesus.

“Há alguns dias 

Eu nem te conhecia.

Agora, a Vida nos une

E eu te seguro no meu colo.

Aqui, te vejo e te percebo.

Você dorme,

Acorda,

Chora.

Eu-te-vejo,

Bem-te-vi.

E num relance percebo

Que meus braços não são mais meus.

Jesus te segura

E te ama.

Se é assim,

Eu digo eis-me aqui.

Porque se Ele te segura através de mim,

A ferida vira cicatriz

E sua história, redenção.

Dorme, Bem-te-vi.

Tudo vai ficar bem” 

Pequena nuvem

Toda semana alguns missionários se reúnem para ir ao encontro de adolescentes, adultos e crianças que ficam em uma praça de Recife. Chamamos este ministério de Igreja nas ruas, porque cremos que ali, num lugar improvável aos olhos humanos, nós e nossos amigos podemos erguer um lugar de adoração a Jesus, onde Ele pode se mover e tocar corações. 

Vários dos meninos e meninas que ficam nesta praça são usuários de cola, e muitos deles já são conhecidos pela equipe há alguns anos. Isso permite que relacionamentos sejam criados, porque a cada semana podemos conhecer mais das suas histórias e quando os encontramos, podemos chamá-los pelo nome. Agora eles já não são mais estranhos para nós e nem nós para eles, pois uma amizade foi criada.

Algumas vezes conseguimos marcar encontros nas casas deles ou em outros lugares públicos, afim de conhecer a realidade em que vivem e de que maneira podemos ajudá-los melhor.

Certo dia, decidimos fazer uma visita a uma de nossas amigas que é uma mulher muito conhecida por todos da praça. No dia dessa visita, em específico, havíamos decidido levar uma cesta básica (que recebemos de doação) para abençoá-la. Tínhamos marcado de nos encontrarmos na praça, de onde ela nos levaria até a sua casa. Porém, quando chegamos ao local de encontro, não a vimos. Mas, encontramos uma amiga dela, que se prontificou e nos disse que poderia entregar a cesta para ela, se assim nós quiséssemos. Mas a equipe de missionários explicou que o nosso desejo era ir pessoalmente fazer a entrega. Pois, mais do que a entrega de uma cesta, nossa intenção era ter um tempo de qualidade com nossa amiga. E assim foi. Conseguimos ir até a casa dela, e ali conversamos, cantamos, oramos, e compartilhamos de sua vida e realidade. Conseguimos provar que a situação em que ela vivia não era fácil, mas algo nos marcou quando ela disse: “quando eu falo com Deus, eu sinto como se eu estivesse no céu”. A casa onde estávamos não era segura, não tinha água potável e nem saneamento básico. Mas, ela conseguia sentir a presença de Jesus ali. E não há maior tesouro do que este!

Em meio as nossas conversas, conselhos e canções, cantamos uma música que dizia: “Eu vejo uma pequena nuvem do tamanho da mão de um homem, mas este é o sinal que a Tua chuva vai descer! ” E ali, sentados como amigos, era como se fôssemos uma pequena nuvem, talvez menor que a mão de um homem, profetizando e crendo que a chuva desceria em tempo oportuno sobre a vida da nossa amiga e seus familiares.

É assim que temos aprendido que, a cada dia, o Reino de Deus se estabelece quando vidas se conectam com vidas! Isso, mais do que doar alimentos ou suprir necessidades, tem a ver com amar, doar o coração e permanecer crendo que o amor que vem Dele é poderoso para transformar todas as coisas!

NOVOS BEBÊS NA VILA BETÂNIA

Recebemos 5 novos bebês e 5 novas adolescentes na Vila Betânia. Isso significa que atingimos nossa capacidade máxima e estamos nos ajustando à nossa nova realidade. Somos gratos por poder cuidar de todas essas crianças, especialmente em um momento como este. Cada um deles vem com sua própria história de abandono e abuso, por isso esperamos que a Vila Betânia seja um local de cura e restauração. Temos amor para derramar sobre elas e esperamos que elas encontrem seu lugar em nossa casa em breve. Por favor, ore conosco para que Deus se mova em suas vidas e para que possam experimentar o amor abundante de nosso Pai.

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